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A CULTURA POP DE GEORGE BEST

Segundos após o gol de Best diante dos lusitanos, que garantiria a primeira Copa dos Campeões para a equipe de Manchester.
A CULTURA POP DE GEORGE BEST #especial
Jimi Hendrix é tido por muitos como o maior guitarrista de todos os tempos, assim como ele, Janis Joplin se tornou referência no cenário da música, através de uma voz poderosíssima e uma influência intimista nos palcos, outro nome importante, foi um do frontman de uma das principais bandas de todos os tempos, os Rolling Stones. A semelhança desses três icônicos astros culturais, além de terem sido lendas no cenário do rock, todos nos deixaram precocemente, além de traçarem uma trágica ironia, dos Stones incluindo o lendário Brian Johnson – eles se foram com os seus 27 anos.
Despedidas quem despertaram uma frustração para aquela geração. Além de serem ícones de movimentos, gêneros e servirem como inspiração para muitos jovens das décadas de 60 e meados da de 70, prolonga-se as lamentações quando nos damos conta de quantos conteúdos, e produções musicais que o mundo não testemunhou desses artistas.
Em paralelo, no mundo do futebol, ‘’o quinto Beatle’’ norte-irlandês, George Best, teve uma despedida de sua vida futebolística com os seus “aproximadamente” 27 anos. Verdade é, que foram 2 anos angustiantes, até a sua saída de fato, do seu primeiro clube profissional, o Manchester United. Mas Best era o verdadeiro rei na metade da década de 60. Talvez um topo onde nem Rivera, ou Eusébio superariam.

Em um dos episódios documentados da série “30 for 30”, produzido pela ESPN Filmes, “George Best: All by Himself”, é traçado dois mundos do irlandês: o melhor atleta meteórico da Europa e comercialmente rentável, além do homem tímido, simpático e de raízes protestantes que tinham fortes laços emocionais e influências com a sua mãe, Anne Best.
Ambos os lados caíram por terra, quando Best viria a se entregar a vida boêmia. E nisso: imbatível, até no declínio, ninguém o superaria.


Em 1965, Best era o nome que o treinador Matt Busby depositara a confiança para a retomada da equipe. O que foi ótimo, o "Belfast Boy" fez parte de um dos melhores trios de todos os tempos, e pelo menos, o maior que os "diabos vermelhos" ousariam ter. Além de Best, o United ainda contava com o escocês Law, que destoava e ditava o ritmo das partidas com uma personalidade e uma força fora do comum entre os avançados, e o lendário e gênial médio, Bobby Chartlon que ainda viria a ser campeão do mundo um ano depois pela seleção inglesa. O início arrebatador do trio era certo.

Coincidentemente, os Rolling Stones compuseram o maior clássico da banda, “Satisfaction”. Canção que com certeza viria a calhar a rotina desordeira que Best nunca se deu por... satisfeito.
Seus feitos como atleta fugiam do convencional de um craque, sua cobrança excessiva para ter um bom desempenho ia além do apoio que teria dos seus companheiros. Em seu currículo são muitos feitos, mas pouco para a sua figura. Fez muitas lendas do porte como Müller e Johan Cruyff se ofuscarem. De um rolinho no maior jogador holandês de todos os tempos, em um jogo das eliminatórias da copa de 78, até um gol no início da prorrogação que facilitaria o caminho para o título da Copa dos Campeões, pelo United contra os portugueses, transformando Eusébio em um mero telespectador.    

Não há “spoiler”. Na vida de um sujeito que estampou capas de jornais até o dia da sua morte. Sua última imagem, aliás, poderia servir como uma excelente campanha publicitária contra o alcoolismo e tabagismo. No local de aviso sobre os perigos que o vício da nicotina poderia causar, Best seria encarado por muitos, certamente como um viciado. Até porque lá estava a figura de um homem em seus últimos momentos, no leito. Bem ao estilo de uma vida trágica no último ato Shakespeariano.

O último trabalho do genial Jim Morrison, que também falecera com seus 27 anos, “L.A Woman”, foi de um sucesso estrondoso. Paralelamente, e de uma forma nada proporcional, mas similar, Best foi Best no seu último gol mais bonito – há redundância em “gol bonito de George Best”, porém, continuemos assim.

Na antiga e até então mais prestigiada liga americana de futebol, NASL, ele não teve notoriedade por títulos, mas o gol o rendeu o prêmio promovido pela Budweiser (que ironia) “goal of the year”, sim, do ano.



 A influência de Best invadiria outros mundos.

Daniel Day-Lewis, pela grande atuação “Em nome do pai”, 1993, foi indicado ao Oscar de melhor ator juntamente com os nomes Pete Postlethwaite e Emma Thompson, que foram indicados como melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante respectivamente, além das indicações para melhor diretor, melhor edição (montagem), melhor filme e melhor roteiro adaptado. Na trilha desse clássico filme norte-irlandês (e britânico), Bono Vox, compôs e reproduziu a canção que leva o nome do filme. Necessitando de simbolismos, a música menciona o que fazia parte de um contexto local da década de 70. Na letra encontra-se a emissora televisiva mais popular, a BBC e o homem mais representativo, George Best. Aliás, nada trivial, “Em nome de George Best...”.
Um outro filme totalmente dentro da cultura britânica, “Trainspotting”, recria um cenário de uma Escócia suja, secundária perante aos ingleses, lugar em que os personagens, desiludidos, se colocam em uma posição de entrega ao consumo insano da heroína e ao niilismo. O autor do “pornô’’, Irvine Welsh, que é torcedor assíduo do Hibernian, clube em que o ex-camisa sete do United chegou a jogar por pouco tempo, encara Best como ídolo e o exalta sempre quando pode, em suas obras, em entrevistas e até em simples tweets na sua conta, como esse: “George Best era simplesmente uma estrela mágica de um gênio único e futebolístico. Um homem cujo cérebro e pés trabalhavam em uma sincronia impossível.”. As abordagens ao norte-irlandês em sua obra o coloca em um topo diferenciado, nada casual. Foi de suma importância para a imersão dos diálogos futebolísticos de Mark Renton e Sick Boy no segundo filme, em uma espécie de alucinação com aspectos de epopeia.

Best foi mais real do que pareceu. Hoje, fãs do bom futebol lotariam o estádio de Wembley para vê-lo. Um personagem futebolístico com dotes de rockstar.
Fica o dilema: Best seria um reflexo ao estilo Keith Moon? Ou realmente foi o quinto Beatle?


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